Pular para o conteúdo

30 ANOS DO SEMINÁRIO – 2001 a 2005

Queridos irmãos,

A paz d’Aquele que tudo pode em nossas vidas e é cheio de misericórdia esteja com cada um de vocês, suas famílias e comunidades!

Damos continuidade às proezas operadas por Deus na vida de nosso Seminário. Buscarei destacar apenas alguns fatos, sem colocá-los em ordem cronológica, pois, seria impossível mencionar tudo que aconteceu dos anos 2001 a 2005.

Durante esses anos, vários irmãos que estavam conosco receberam novas missões. Salvador e Ma Angeles retornaram à Espanha com seus filhos; vieram outras famílias: Manoel e Fernanda, Luís e Sofia ambos casais de Portugal. Também as irmãs em missão viveram idas e vindas: da Espanha estiveram conosco Manolita, Teresa e Carmen Ferrer, e de Portugal, Jacinta.

Em 2002, foi enviado um novo Catequista para a Equipe Itinerante da Nação: Raúl Viana. Todos somos testemunhas como este irmão tem sido um dom de Deus para o Caminho e para nosso Seminário. Tendo chegado tão jovem, nunca mediu esforços na evangelização com imenso zelo apostólico.

No ano de 2003, houve mudança no Seminário: Pe. Juanjo passou a ser Reitor e eu (Pe. Paulo) assumi como Vice-Reitor. Somos agradecidos ao Pe. Javier Sotil pela vida doada em nosso Seminário, pela edificação física e espiritual que levou a termo durante os anos que esteve em Brasília. Também, chegou para cooperar conosco o Pe. Javier Romero.

A Igreja e nossa Arquidiocese vivenciaram grandes mudanças. Em 2004, Brasília recebeu um novo Arcebispo, Dom João Braz de Aviz. Somos imensamente agradecidos pelo tempo que o Cardeal Falcão foi o pastor de nossa Igreja Particular. O lema de Dom Falcão é “Servir em humildade”, nós somos testemunhas que esse lema foi realizado no seu ministério episcopal. Sempre esteve aberto a acolher todos que o procuravam e com seu modo direto e caridoso, dava uma palavra buscando resolver as mais diversas situações. Dom João tem como lema “Que todos sejam um” e, da mesma maneira, vivenciamos um pastoreio que buscou promover a unidade em nossa Arquidiocese conduzindo-nos à santidade. Ambos foram grandes Arcebispos para Brasília.

Nesses anos, também faleceu São João Paulo II. Como não lembrar tantos fiéis rezando na Praça de São Pedro pela recuperação do Papa e, logo após sua morte, o clamor de todos: “Santo imediatamente!” Com João Paulo II nasceu o Redemptoris Mater e ele motivou tantos bispos a pedirem para suas dioceses, como ele tinha em Roma, um Seminário Missionário Diocesano. A chegada de Bento XVI foi motivo de consolação para todos, pois ele na sua timidez e sabedoria, soube conduzir a Igreja para caminhos de uma purificação. Ele sempre esteve muito próximo a nós.

Durante esses anos, começamos ter nossas “Lições Inaugurais”. Quero agradecer a todos aqueles que contribuíram com generosidade e sabedoria na Abertura do Ano Acadêmico. Em uma das Lições esteve conosco Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, que nos encantou com o tema da figura do Pastor nas Escrituras. Ele falava das Escrituras e as Escrituras falavam da vida dele, pois foi uma aula vivencial, profunda, chamando a confiar em Deus que nos precede, guia, nos carrega nos ombros e nos perdoa. Dom Ávila em um momento de rebelião na penitenciária de Brasília, colocou-se no lugar dos reféns, pois sendo Arcebispo Militar, ele dizia que não podia deixar que pais de família que pertenciam às suas ovelhas corressem risco. Os presos aceitaram a troca; e ele, como um bom pastor, arriscou inclusive perder a vida física pelas suas ovelhas. Os presidiários o trataram com grande respeito.

Outro fato marcante desses anos, foi a reunião da Fundação Vaticana Populorum Progressio. Vivemos momentos de grande comunhão com bispos provenientes de toda América Latina, representantes da Conferência Episcopal Italiana e da Santa Sé. Cada Celebração Eucarística era um deleite com palavras alentadoras que sempre nos recordavam o imenso amor de Deus por nós. O Cardeal Juan Sandoval (Guadalajara/México) muito nos marcou com seu humor e profunda espiritualidade. Apenas concluída a semana de trabalhos dessa Fundação, recebemos em nosso Seminário em um dia, aproximadamente, 12.000 jovens que vinham a Brasília para uma peregrinação. Todos receberam um anúncio de Cristo nesta “fábrica de padres missionários”. Cada grupo de três ou quatro ônibus visitava o Seminário em meia hora. Foi surpreendente como o Senhor nos ajudou.

A partir de 2004, começamos a viver em nosso Seminário a Via Sacra na Sexta-Feira Santa. Hoje, são muitos os irmãos provenientes de diversas paróquias que participam conosco. Sempre passamos para rezar duas Estações com as Irmãs Carmelitas. São momentos inesquecíveis da graça de Deus. Da mesma maneira, sempre no contexto do Tríduo Pascal, a partir de 2005, Dom Falcão começou a presidir a Celebração da Adoração da Cruz em nosso Seminário. Seria difícil expressar a homilia que mais chamou a atenção, pois cada ano ele abordava conosco o tema da cruz desde perspectivas diversas. No ano passado, falando da limitação humana, após expor todos os combates na saúde, dificuldades econômicas, sociais, etc., ele chegou a falar da cruz da morte física, pois Deus nos criou para a vida, e a morte se não é vista desde Cristo Ressuscitado, poderia se apresentar como um mistério sem sentido.

No ano de 2005, celebramos o Jubileu de Prata Sacerdotal do Pe. Juanjo, que era nosso Reitor. Foi uma celebração cheia de demonstrações de carinho de vários irmãos por onde ele já tinha estado em missão: Paraguai, desde onde vieram quase 50 irmãos, Bolívia, Espanha e inúmeras manifestações de afeto das comunidades de Brasília e outras cidades do Brasil. Quero também fazer menção a chegada de Daniel, irmão itinerante. Ele foi a primeira família em missão do Brasil, depois que ficou viúvo se ofereceu para continuar na missão e esteve itinerante em uma equipe e está no Seminário desde 2005. É um São José entre nós, pois no silêncio, providencia tudo que precisamos na parte de serviços gerais do Seminário.

Por último, deixei um acontecimento que marcou toda vida de nosso Seminário: a Dedicação de nossa Capela. Vivenciamos uma liturgia celestial! Era a primeira vez que Dom João presidia a Dedicação de uma Igreja. Ele nos relatou que teve quase uma experiência mística enquanto ungia o Altar. Dentro de si escutou uma voz: “Eu sou Cristo e quem é você para me ungir?” Foram colocadas sob o Altar relíquias muito significativas para uma Casa de Formação Sacerdotal: Relíquias dos Mártires de Barbastro – todo um Seminário Claretiano que foi martirizado em 1936; uma vez presos, formadores e seminarista foram fortificados pela Eucaristia que receberam de modo clandestino. Rezando a Liturgia das Horas e o terço se prepararam para a morte. Foram atormentados com falsos fuzilamentos, introduziram prostitutas no salão no qual estavam, receberam ofertas de liberdade, mas nenhum deles abandonou a fé! Também foi depositada sob o Altar a Relíquia de Santo Agustín Caloca Cortes – formador de um Seminário que foi martirizado em 25 de maio de 1927 na Guerra Cristera no México. Também esse sacerdote recebeu a oferta de liberdade, para isso bastava negar a Cristo, mas ele manteve-se forte e exclamou antes de ser fuzilado: “Graças a Deus vivemos e por Ele morremos!”; ainda foi colocada sob nosso Altar uma Pedra do Cenáculo, na esperança de que os padres formados em nosso Seminário possam ser repletos do Espírito Santo e nunca percam o zelo apostólico. Impressionou a todos a nuvem de fumaça de incenso que subiu do Altar e tantos outros momentos magníficos da celebração.

Espero que o Senhor conceda a todos nós a graça de, a exemplo dos Santos citados, crescermos no amor a Cristo e à Igreja!

Na próxima semana, com a graça de Deus, continuaremos nossos relatos dos anos 2006 a 2010.

Pe. Paulo de Matos Félix, Reitor