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30 ANOS DO SEMINÁRIO – 1990 a 1995

O Seminário Redemptoris Mater de Brasília foi erigido no dia 12 de dezembro de 1990, sendo colocado sob a proteção de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina. É importante termos em conta alguns acontecimentos que precederam esta data, pois nos ajudam a compreender os planos de Deus.

Por ocasião da visita “ad limina” no ano de 1990, o então secretário particular do Papa São João Paulo II, perguntou ao Cardeal Dom José Freire Falcão se na Arquidiocese de Brasília tinha um Seminário Redemptoris Mater, pois o Papa tinha interesse em saber. Dom Falcão, imediatamente, deu-se conta que este era um desejo do Santo Padre e foi visitar o Seminário Redemptoris Mater de Roma. Ficou encantado com a acolhida e o espírito daquela Casa de Formação, sendo assim, ali mesmo disse ao Reitor daquele Seminário, Dom Giulio Salimei, Bispo Auxiliar emérito de Roma: “Eu quero, em Brasília, um Seminário como este!”. A partir daquele momento, tudo começou a ser colocado em movimento para o nascimento do Seminário de Brasília.

Em dezembro de 1990, foi realizada a Convivência de Vocacionados com a Equipe Itinerante da Nação para a escolha daqueles que seriam os primeiros seminaristas do novo Seminário. Foram escolhidos 30 jovens para iniciar, em fevereiro de 1991, a formação presbiteral, sendo que eu recebi a graça de participar desde o início desta obra de evangelização levada adiante por Deus. Para esta convivência, vieram desde Medellín Pe. Rino Rossi e Pe. Gianpaolo Pronzato (Pe. Pino).

A partir de fevereiro de 1991, os primeiros seminaristas foram acolhidos em casas de famílias de irmãos do Caminho Neocatecumenal, sempre de 2 em 2, e iniciaram os estudos no Seminário Nossa Senhora de Fátima que nos recebeu com grande delicadeza e atenção.

Naquele momento, era colocado outro problema: como e onde conseguir um terreno para o novo Seminário. Por ocasião de uma visita dos iniciadores do Caminho Neocatecumenal a Brasília, Kiko Argüello e Carmen Hernández, juntamente com Pe. Mario Pezzi, solicitaram ao então Governador de Brasília, Sr. Joaquim Roriz, um terreno que fosse um presente para o Santo Padre que, em outubro de 1991, visitaria Brasília. Antes do encontro com o Governador, Kiko perguntou se haveria algum lugar no qual pudessem suplicar a intercessão e inspiração de Dom Bosco sobre o terreno a ser solicitado. Esta oração foi feita na Ermida Dom Bosco. Olhando o terreno ao lado que estava livre, Kiko perguntou: “Por que não pedimos este terreno?”. Todos disseram que seria impossível, mas Kiko insistiu e disse novamente: “Entremos pelas trilhas do terreno e abramos um Evangelho ao acaso para vermos o que nos diz o Senhor. Façamos como aqueles que foram explorar a Terra Prometida!”. Estando onde hoje é o Seminário, foi aberto um Evangelho ao acaso e saiu o texto das Tentações de Cristo no deserto. Naquele momento, Kiko disse: “O Seminário será aqui, pois, o tempo de formação é um tempo de deserto para depois começar a missão!”.

No encontro com o Governador, percebemos a dificuldade em conseguir a doação do terreno, pois dependia do CAUMA (Conselho de Arquitetura, Urbanismo e Meio Ambiente) a aprovação de tal doação. Feita a proposta, com grande alegria, houve consenso entre todos os membros de tal Conselho sobre a doação para a construção do Seminário. Todos estes fatos ocorreram em fevereiro de 1991.

A providência de Deus nunca falha e, a partir daquele momento, era necessário buscar meios econômicos para começar a construção. Nos primeiros meses, para dar o pontapé inicial, chegaram doações da Espanha, da Itáliae vários irmãos do Caminho, de todo o Brasil, enviaram ajuda. Em Julho de 1991, começou a construção do Santuário da Palavra, este foi inaugurado no dia 15 de outubro do mesmo ano, momento no qual São João Paulo II, estando em visita ao Brasil, desde o Seminário Nossa Senhora de Fátima, nos dirigiu as seguintes palavras: “Para terminar, dirijo minha saudação especial e afetuosa aos Superiores e aos Seminaristas do Seminário Redemptoris Mater que a pouca distância daqui encontra-se a concluir. Faço votos que, com a Bênção de Deus, seja sempre de autêntica formação de Sacerdotes, animados pelo verdadeiro espírito de Cristo!”. Após estas palavras, o Papa viu um projeto da construção do Seminário e escreveu nele: “Com minha Bênção Apostólica, João Paulo II!”.

Seguimos morando nas casas das famílias até o final do ano de 1992. Não podemos deixar de mencionar que a primeira sede do Seminário, onde residiam os formadorese nos encontrávamos todos os dias para rezar as Laudes e, aos domingos, para celebrar a Eucaristia ou perscrutar as Escrituras, foi a Escola Nossa Senhora de Fátima na 906 Sul. Ali estivemos por dois meses. Em seguida, fomos acolhidos pelos Monges Beneditinos que nos deixaram a antiga sede do Mosteiro que naquele momento estava desativada. Somos muito agradecidos às Irmãs Franciscanas que nos alugaram suas instalações naqueles dois meses, e aos Monges Beneditinos que nos deixaram totalmente disponível a antiga sede do Mosteiro. Enquanto o Seminário funcionou no Mosteiro de São Bento, algumas irmãs estiveram ajudando, por temporadas, na organização da Casa: Maite (São Paulo/SP), Theresa Ballan (Sales Oliveira/SP), Nilda (Campo Grande/MS) e Ana Maria (Brasília/DF). No final de 1991, chegou a primeira família em missão para ajudar o Seminário: Mário e Nora. Ele era arquiteto e trabalhou diretamente com Mattia del Prete, o arquiteto responsável pelo projeto do nosso Seminário.

No dia 22 de fevereiro de 1993, Festa da Cátedra de São Pedro, após uma Convivência na qual fomos enviados a anunciar o Evangelho por todo o Brasil sem bolsa nem dinheiro, passamos a residir no Seminário que tinha o primeiro andar semiconcluído e um esqueleto de edifício a partir do segundo andar. Tudo era uma aventura, que nos enchia de amor por Cristo e zelo pelo anúncio da Boa Nova. As obras puderam seguir com um ritmo acelerado porque Deus seguiu nos abençoando com a generosidade de irmãos de todo o Brasil e com uma forte ajuda, por alguns anos, do Sr. Wagner Canhedo, Dona Isaura e família. No final do ano de 1993, inauguramos nossa cozinha e refeitório. Neste ano, chegaram as primeiras irmãs em missão: Mayte (Madri – Espanha), Carmen (Zaragoza – Espanha) e Lídia (Faro – Portugal).

No ano de 1994, estando na Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, Dom Falcão fez contato conosco e disse que queria que fosse feita a inauguração oficial do edifício, e para tal fim ele tinha convidado o Cardeal Pio Laghi, então Prefeito da Congregação da Educação Católica que era responsável naquele momento pelos seminários de todo o mundo. Sendo assim, no dia 25 de maio de 1994, celebramos uma Solene Eucaristia no jardim do Seminário com a presença de muitos bispos e do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Alfio Rapisarda. Estava, também, presente o Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Roriz e sua esposa D. Weslian Roriz, muitos presbíteros, além de inúmeros irmãos do Caminho de Brasília e demais partes do Brasil, representantes de diversos movimentos e realidades eclesiais. No ano de 1994, também foi inaugurada a nossa Biblioteca e demos início à construção da Capela do Seminário.

O ano de 1995 foi marcante pelo início do curso de Filosofia já oferecido em nosso próprio Seminário, motivados pelo então Reitor do Seminário Nossa Senhora de Fátima, Pe. Jorge Humberto Pacheco, vimos que era importante oferecer uma formação mais voltada para a missão e que atendesse nossas exigências pelos períodos de itinerância durante os anos de formação. No segundo semestre, as Eucaristias começaram a ser celebradas na Capela do Seminário, até essa data, todas as celebrações eram realizadas no Santuário da Palavra. Nesse momento, já estávamos utilizando os quatro andares do prédio.

O primeiro Reitor do Seminário Redemptoris Mater de Brasília foi Pe. Javier Sotil. Ele já tinha sido Catequista Itinerante no Brasil por muitos anos e o Arcebispo de Barcelona permitiu que ele voltasse ao Brasil para assumir a nova missão. O primeiro Vice-Reitor foi Pe. Pino, em seguida assumiu a Vice-Reitoria Pe. Eugenio Simón, depois, em 1994, Pe. José Folqué se tornou o nosso terceiro Vice-Reitor, tendo ele também já estado no Brasil por vários anos como catequista. Nestes primeiros anos, em alguns momentos, contamos com a ajuda do Pe. João Cuccui e do Pe. Luis Gutiérrez Pardo. Nosso primeiro Diretor Espiritual foi o Pe. Vicente Martí Panach.

Além do terreno, da edificação física do Seminário, do início das atividades acadêmicas em nossa própria Casa de Formação, durante estes primeiros anos nos alegramos, sobretudo, por poder colher os primeiros frutos. Começamos com as primeiras celebrações de Admissio ad Ordines, Ministérios de Leitor e Acólito, e, principalmente, as primeiras Ordenações Diaconais e Presbiterais. No ano de 1993, foi ordenado o primeiro diácono que em 1994 era ordenado presbítero: Pe. José Valter Guerra. A partir de 1995, fomos colhendo novos frutos nas ordenações diaconais e presbiterais, totalizando o número de 137 presbíteros formados em nosso Seminário.

Não podemos deixar de falar de Dom Carlo Furno, Núncio Apostólico, que no momento do nascimento do Seminário, nos apoiou totalmente e de Mons. Fernando Filoni, hoje Cardeal Grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, que na época, desde a Nunciatura Apostólica de Brasília, também, muito nos ajudou. Somos imensamente agradecidos às famílias que acolheram os seminaristas nos primeiros anos e a todos que com grande generosidade contribuíram para que essa obra pudesse iniciar, é impossível citar todos os nomes, mas Deus que tudo vê, recompensará a cada um.